Ler é brincar com as palavras! Ler é reinventar a vida!

 

Um livro é uma porta aberta para o mistério da descoberta!
 

   A importância da fantasia e do imaginário do ser humano é extraordinária. Fantasia e imaginário são alimentos do mundo psíquico – necessidades, sonhos, desejos, ideias, imagens –, que enriquecem a concepção que temos do mundo exterior. Acreditamos que a leitura é, por excelência, um agente formador que anima as potencialidades criadoras, inventivas, emocionais, culturais e críticas da criança.

   O prazer do texto surge na brincadeira com as palavras que trapaceiam, teimam, brincam e se deslocam para o imprevisível. Por ser fantástica e poética, a literatura é, antes de tudo, fonte de maravilhamento e de reflexão pessoal. E, quando descobrimos a beleza, tornamo-nos mais exigentes e mais críticos diante do mundo. Por quebrar clichês e estereótipos, a linguagem literária fertiliza o imaginário do leitor, fato indispensável para a construção de uma criança que amanhã saiba reinventar o homem e a si mesma. É fato que a criança inventa e reinventa a própria vida no jogo lúdico da linguagem, articulando real e imaginário.

   Incentivar a leitura dos chamados clássicos da literatura infantil e dos livros que trazem histórias da atualidade é imprescindível para a formação de um leitor. Confrontando as duas situações de narrativa, percebemos que os personagens das histórias atuais parecem ser mais próximos do humano e suas atitudes têm mais a ver com os dias de hoje.

   As princesas ou heroínas dos contos modernos não são mais tão submissas. Os heróis, por sua vez, não precisam ser lindos. As bruxas e os monstros já habitam com intimidade e carinho o coração do pequeno leitor. A linguagem tem mais apelo visual. Até aspectos da sociedade informatizada já permeiam o reino do faz de conta. No entanto, insisto no fato de que uma só uma coisa não mudou: a fantasia. E, junto com ela, a fonte de prazer.

   É através da linguagem mágica dos livros que as crianças se relacionam com o mundo, aprendendo regras e ética da sociedade. A literatura é uma das vias de acesso do ser humano a sua subjetividade e nós, pais e educadores, somos como artesãos que trabalham com o barro ainda tenro, macio – a criança. Esculpir ou não uma obra de arte com esta delicada matéria prima depende de cada um de nós.

   Todo leitor só se faz leitor a partir de um desejo. E este desejo se realiza no prazer. É necessário que as crianças se sintam seduzidas pela delícia da leitura, pela sua magia, pelo seu mistério. É necessário oferecer à criança a chave que abre seu coração para o encanto que habita dentro de um livro. Para a festa da leitura. É a paixão que move o mundo. Vamos, portanto, ler, apaixonadamente, para as nossas crianças e com as nossas crianças.

Abra prazerosamente um livro, leia-o com entusiasmo e, com certeza, a criança, fascinada pela música do “Era uma vez...”, fará o mesmo.
 

Nós somos o espelho no qual elas se refletem. Boas leituras!

Maria Alice Aguiar 
Autora de livros na Franco Editora